Ler à Sexta

Ler à Sexta – Trabalhar como Um Monge, de Shoukei Matsumoto

Explicando o Budismo da Terra Pura, que o autor apelida de Budismo Popular, e os ensinamentos que podem trazer harmonia e uma plena presença ao que fazemos, Shoukei Matsumoto convida-nos a “Trabalhar como um monge”, levando para o nosso trabalho as aprendizagens que o budismo nos convida a fazer sobre as nossas imperfeições e interdependência. Bem-vindo a mais um Ler à Sexta…

Trabalhar como Um Monge – Trazer harmonia e mindfulness ao mundo empresarial, de Shoukei Matsumoto

Ao longo deste seu novo livro, Shoukei Matsumoto apresenta o seu caminho e uma história de duas personagens, um empresário e um sacerdote do templo. Através dos vários pilares do Budismo Popular, aborda a importância da atenção plena, do entendimento das nossas limitações e interdependência, como via para construir uma presença no trabalho que seja mais harmoniosa para si e para os outros. Nunca esquecendo do seu cunho tão pessoal que é o trazer a limpeza para o local de trabalho, o Mestre Shoukei Matsumoto ajuda-nos a “viver entre opostos” e a procurar “viver o caminho do meio”.

E se levássemos a escuta atenta para o nosso trabalho?

Escuta atenta

Esta conversa que estamos a ter agora é também uma forma de transmissão direta e oral. – O nosso templo segue o caminho do Budismo Nen. No Budismo Nen, praticamos algo chamado a Escuta Atenta. Não se trata apenas de usar os ouvidos – mas de nos inclinarmos com o coração e de darmos toda a nossa atenção à pessoa à nossa frente e ao momento em si. Budismo Nen. Em que se distingue do Budismo Zen? ZEN e NEN – até os sons e os carateres parecem semelhantes. – O Budismo Zen foca-se no “shikantaza”, que significa “sim-plesmente sentar” em total concentração. A ideia é tornar-se uno com o ato de sentar, endireitar as costas e limpar a mente, como um tubo vazio por onde tudo pode fluir livremente. – Em contraste, o Budismo Nen pode ser descrito como “simplesmente escutar”. No Budismo Nen, é o escutar que consideramos essencial. Não apenas com os ouvidos, mas esvaziando o nosso coração, como se fossemos um tubo aberto que aceita o som completamente. É isto o que significa estar verdadeiramente presente através da escuta. Não só com os ouvidos, mas com o coração. Em japonês, existe uma expressão, “ouvir a fragrância” , que significa a ação de perceber o aroma como forma de escuta. A palavra inglesa “scent”‘ vem do latim “sentio”, que significa “sentir” . Nesse sen- tido, o ato de cheirar assemelha-se ao de escutar, perceber. -Tradicionalmente, a cultura japonesa valoriza uma perceção integrada, que não compartimenta os sentidos. As pessoas experienciavam tudo como um todo, sem isolar a visão, a audição ou o olfato. É por isso que, quando dizemos que Buda escutava, com os ouvidos. estamos a evocar algo mais profundo do que simplesmente ouvir Inclinarmo-nos e sentir o “aqui e agora” significa observar, escutar e sentir, No Japão, esta forma de receber surge natural-mente. Observar gentilmente, sentir emoções que escapam às palavras, compreender o estado de espírito sem uma explicação explícita – todas estas são formas de estarmos presentes, focados nas mudanças subtis à nossa volta. – No Budismo Nen, resumimos esta atitude na palavra “escutar”(聞). – No Budismo, o caminho para o despertar frequentemente envolve três passos: Escutar, Contemplar e Meditar. Primeiro, escuta-se em silêncio. Depois, reflete-se sobre o que se escutou. Por fim, interiorizam-se estas reflexões através da prática. – Embora falemos de três passos, o escutar vem primeiro. Ao escutar a voz de Buda e perceber como ela ressoa dentro de nós, começa-se a escutar a polifonia do Interser – a harmonia que se manifesta quando toda a existência vibra em conjunto com um coração aberto. Quando se escuta verdadeiramente, a contemplação e a meditação seguem-se naturalmente. É a isto que chamamos de Escuta Atenta no Budismo Nen. Escuta Atenta – em que difere da escuta ativa? – A Escuta Atenta não é apenas uma técnica. É uma forma de ser. Quando se escuta atentamente, não se capta apenas o conteúdo. Também se está a reconhecer os sentimentos da pessoa que fala, a ler as suas expressões faciais, a sentir a sua energia, a reparar nas pausas e até no silêncio partilhado. Inclui tudo isto. Escutar o silêncio, a quietude. Faz-me lembrar a peça 4’33” de John Cage, uma composição executada inteiramente em silêncio, como se trouxéssemos esse conceito para o nosso dia a dia. – Inicialmente, esta forma de escutar pode parecer cansativa. Mas, com o tempo, apercebemo-nos de que a entrega completa ao ato de escutar corresponde a uma abertura total. O ato de escutar encontra-se para lá dos limites da intenção pessoal. Quando se escuta verdadeiramente, começa-se naturalmente a ouvir. Talvez signifique que estamos a tornar-nos um recipiente capaz de receber vozes. Escutar com um coração calmo pode amenizar o ruído interior que fervilha dentro de nós. Escute até começar a ouvir. Sempre pensei que “escutar” e “ouvir” fossem a mesma coisa, mas o monge parece distingui-los cuidadosamente.

Podes ler um excerto do livro aqui…
Lê mais sobre o livro e o autor no site da Pergaminho

Trabalhar como um Monge, de Shoukei Matsumoto

O que este livro me trouxe

É sempre um enorme gosto ler os livros do Mestre Shoukei Matsumoto, porque a simplicidade conduz diretamente à mudança no essencial. Por isso, encontro também neste livro conceitos filosóficos que ajudam a ter outras perspetivas sobre o trabalho e a nossa interrelação.

Em Novembro de 2026 teremos uma aula especial com o Mestre Shoukei Matsumoto em Kyoto, que faz parte da minha viagem ao Japão em grupo.

Conhece Shoukei Matsumoto

Shoukei Matsumoto é monge budista no templo Komyo-ji, em Tóquio. É autor de vários bestsellers e considerado uma das figuras mais carismáticas do pensamento budista contemporâneo. Foi nomeado um dos Jovens Líderes Globais pelo Fórum Económico Mundial de Davos. É formado em Estudos Religiosos pela Universidade de Tóquio e tem um MBA pela Indian School of Business.

Shoukei Matsumoto

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador do Instituto Educação pela Paz. Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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João Magalhães Reiki
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