Uma carta sobre a empatia
A empatia ajuda-nos a relacionar, a ter um entendimento mais profundo de quem somos e de quem o outro é, é um elemento tão necessário para a nossa humanidade. No início de uma turma de nível 1, a Sara entregou-me uma carta sobre o que sentia ser a empatia.
Empatia
Revendo os nossos antepassados, percebemos que a empatia emergiu como uma resposta evolutiva à necessidade de sobrevivência em grupo. Com o tempo, foi sendo ressignificada pelas dinâmicas sociais e económicas, sobretudo a partir da Revolução Francesa, quando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade começaram a redesenhar a forma como nos relacionamos.
Mas, e se a empatia não fosse apenas um mecanismo de coesão social? E se nascesse, antes de tudo, da simples vontade de oferecer? De um gesto gratuito, livre de cálculo, onde o dar não exige espelho, nem eco?
Ao desconstruírmos essa ideia de oferecer, contactamos com inúmeras raízes, como a necessidade de que essa ação seja espelhada e refletida sobre aquele que a prestou. Talvez esse ato não seja tão puro quanto parece.
Será essa a verdadeira essência? Uma tentativa de salvação de algo interno, imerso e perdido nas fossas mais longínquas das nossas entranhas.
No entanto, não creio que a humanidade esteja mergulhada numa total apatia. Ainda vislumbro, em pequenos gestos de pessoas, sinais de uma empatia que transcende o material. Uma atenção ao detalhe, ao instante, ao humano, não como objeto de troca, mas como presença.
Talvez ai resida a verdadeira essência: no olhar atento, no gesto discreto, na escuta sem urgência. Uma empatia que não exige retorno, apenas existência.
– Sara Silva
Muito obrigado querida Sara e que a vida sempre te encontre na tua verdadeira essência e com a bondade que tens.


