Por um Caminho de Santiago
Dia 12 de abril partimos de Valença, para mais um Caminho de Santiago. O primeiro que fiz foram mais de 300km, ao longo do Caminho Francês, parando de albergue em albergue, há mais de 20 anos, onde tanto era diferente. Desta vez, fomos com uma querida amiga, a Susana Ramos, que nos preparou tudo. Foi então uma viagem sem a preocupação de chegarmos cedo para termos lugar… e que caminho foi este…
Caminho de Santiago
Já me perguntaram… mas o que um budista faz no Caminho de Santiago?
Bom, o budismo é vivido como uma filosofia de vida e nada impede que se reconheça Deus, ou Deuses, que se respeitem pessoas e tradições, aliás li vários livros ao longo do caminho dedicados ao cristianismo primitivo, ortodoxo e ainda fiz as “pazes” com a Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, que foi o livro que levei ao longo do meu primeiro caminho, coincidindo cada capítulo com cada dia.
Cada jornada no caminho foi extraordinariamente maravilhosa, sempre trazendo muita reflexão, mas também muita união, carinho e boas ideias. Foram dias tão necessários para me esquecer em qual dia da semana e do mês estava.
A variante Espiritual foi incrível, percorrendo longos caminho de natureza verdejante e ribeiros límpidos. Pela primeira vez não tive bolhas e o cansaço era físico… o que é excelente.
A Susana dava-nos sempre reflexões e a certa ocasião perguntou-nos “O que levam na vossa mochila?”. Tentei procurar as coisas que quisesse resolver, ou pesos que carrego, mas só uma coisa me vinha à mente – O meu peso é uma mochila carregada de gratidão.
É verdade, nestes últimos anos tenho-me entregue muito às práticas da compaixão, do diálogo pela paz, também muitas situações complicadas surgiram e levaram-me a ter respostas diferentes, tudo isso conjugado fez-me libertar de muito e enraizar os conceitos que já tinha. Por isso, nunca desistas, procura sempre o caminho que realmente te faz surgir como tu mesmo.
Chegar a Santiago foi apenas uma etapa. Realmente não se deve focar tanto no cumprir do objetivo, mas ter o relaxamento necessário de aproveitar o momento, sabendo que quanta mais resistência fizermos, mais difícil tudo se poderá tornar, não como castigo, mas como forma de comrpreender que a natureza quer-nos fluidos e resilientes.
Só por hoje… que encontres sempre o teu caminho…




