Ler à Sexta

Ler à Sexta – O Milagre do Mindfulness, de Thich Nhat Hanh


Uma vida plena pode ser vivida se estivermos plenamente presentes no momento, no que fazemos, sentimos e pensamos. O Milagre do Mindfulness é então um livro sobre histórias de mindfulness, sob o que é esta prática budista e como a realizar para tantas partes importantes da nossa vida onde somos desafiados a crescer. Bem-vindo a mais um Ler à Sexta.

O Milagre do Mindfulness, de Thich Nhat Hanh

Este é um livro que toca muitas vivências do monge vietnamita, Thich Nhat Hanh, fundador da Plum Village e que faleceu em Janeiro de 2022. Ele foi um dos grandes impulsionadores da prática de mindfulness no ocidente, assim como um grande promotor da paz. O Milagre do Mindfulness é então um relato deste monge vietnamita sobre os momentos que mais o tocaram e conduziram à atenção plena.

A disciplina essencial

Há mais de 30 anos, quando entrei pela primeira vez no mosteiro, os monges deram-me um pequeno livro intitulado A Disciplina Essencial para Uso Diário, escrito pelo monge budista Doc The, do Pagode Bao Son, e disseram-me para o memorizar. Era um livro fino. Não deveria ter mais de 40 páginas, mas continha todos os pensamentos que Doc The usava para despertar a sua mente, enquanto fazia qualquer tarefa. Quando acordava de manhã, o seu primeiro pensamento era: «Acabado de acordar, espero que todas as pessoas atinjam uma grande consciência e vejam com total clareza.» Quando lavava as mãos, usava este pensamento para entrar num estado de mindfulness: «Ao lavar as minhas mãos, espero que todas as pessoas tenham mãos puras para receberem a realidade.» O livro é composto inteiramente por frases deste género. O seu objetivo é ajudar o praticante principiante a apoderar-se da sua própria consciência. O mestre zen Doc The ajudou-nos a todos nós, jovens noviços, a praticar, de uma forma relativamente fácil, essas coisas que são ensinadas no Sutra de Mindfulness. Sempre que vestes o manto, lavas a louça, vais à casa de banho, dobras o tapete, carregas baldes de agua ou lavas os dentes, podes usar um dos pensamentos do livro para te apoderares da tua própria consciência.
O Sutra de Mindfulness diz que «ao caminhar, o praticante deve estar consciente de que está a caminhar. Quando sentado, o praticante deve estar consciente de que está sen-tado. Quando se deita, o praticante deve estar consciente de que se está a deitar (…) Independentemente da posição em que o corpo se encontra, o praticante deve estar consciente dessa posição. Ao fazer assim, o praticante vive num estado de mindfulness corpóreo, direto e constante (…».
No entanto, a consciência das posições do corpo não é sufi-ciente. É preciso estarmos conscientes de cada respiração, de cada movimento, de cada pensamento e sentimento, de tudo o que tem alguma relação connosco.
Mas qual é o propósito da instrução do sutra? Onde é que vamos encontrar tempo para praticar mind fulness?
Se passarmos o dia todo a praticar mindfulness, como é que haverá tempo suficiente para fazermos todo o trabalho que é preciso fazer para mudarmos e construirmos uma sociedade alternativa? Como é que o Allen consegue trabalhar, ajudar com as lições do Joey, tratar das fraldas da Ana e praticar mindfulness ao mesmo tempo?

Uma das meditações muito interessantes em O Milagre do Mindfulness é a contemplação de nós mesmos em crianças e a observação do que sentimos:

Contemplação sobre a interdependência

Encontra uma fotografia tua de quando eras criança. Senta-te em lótus completo ou meio-lótus. Começa a seguir a tua respiração. Após 20 respirações, começa a concentrar a tua atenção na fotografia que tens à tua frente. Recria e vive novamente os cinco agregados de que eras composto na altura em que a fotografia foi tirada: as características fisicas do teu corpo, os teus sentimentos, perceções, funções mentais e consciência nessa idade. Continua a seguir a tua respiração. Não deixes que as tuas memórias te dominem ou afastem para longe. Mantém esta meditação durante 15 minutos. Mantém o meio-sorriso. Volta a tua atenção para o teu ser no presente. Sê consciente do teu corpo, sentimentos, perceções, funções mentais e consciência no momento presente. Vê os cinco agregados que te consti-tuem. Faz a pergunta: «Quem sou eu?» A pergunta deve estar profundamente enraizada em ti, como uma nova semente aninhada na terra macia e húmida de água. A pergunta «quem sou eu?» não deve ser uma questão abstrata a ser considerada com o teu intelecto discursivo. A pergunta «quem sou eu?» não será confiada ao teu intelecto, mas ao cuidado de todos os cinco agregados. Não tentes procurar uma resposta intelectual. Contempla durante dez minutos, mantendo uma respiração leve, mas profunda, para evitares ser arrastado pela reflexão filosófica.

Outra das meditações é aquela sobre o teu necessário desapego:

Desapego

Senta-te em lótus completo ou meio-lótus. Segue a tua respiração. Recorda os feitos mais significativos da tua vida e analisa cada um deles. Analisa o teu talento, a tua virtude, a tua capacidade, a convergência de condições favoráveis que conduziram ao êxito. Analisa a complacência e a arrogância que surgiram do sentimento de que és a causa principal desse êxito. Lança a luz da interdependência sobre toda a matéria para veres que o êxito não é realmente teu, mas, sim, a convergência de várias condições além do teu alcance. Procura não te prenderes a estas conquistas. Só quando as conseguires renunciar é que serás realmente livre e deixarás de ser assaltado por elas.
Recorda os fracassos mais amargos da tua vida e analisa cada um deles. Analisa o teu talento, a tua virtude, a tua capacidade e a ausência de condições favoráveis que conduziram aos fracassos. Analisa para veres todos os complexos que surgiram dentro de ti a partir do sentimento de não seres capaz de ter êxito. Lança a luz da interdependêncla sobre o assunto para veres que os fracassos não podem ser explicados pelas tuas incapacidades, mas, sim, pela falta de condições favoráveis. Vê que não tens força para suportar esses fracassos, que esses fracassos não são teus.
Vê que te libertas deles. Só quando conseguires renunciar a eles é que serás realmente livre e deixarás de ser assaltado pelos mesmos.

O que este livro me trouxe

Senti-me muito tocado com vários momentos deste livro, um deles, logo no segundo capítulo, abordava “O Milagre é caminhar sobre a Terra”. E acredito absolutamente nisto. É maravilhoso podermos estar vivos e temos este que é o maior de todos os dons, cada um de nós. É um livro construído de forma bem estruturada, prático, bonito, inspirador, mas também muito útil em tudo o que é a prática meditativa.

O Milagre do Mindfulness tem muitos exercícios práticos, para o teu crescimento e tomada de consciência e ainda sutras budistas que explicam como o Buda ensinou meditação e atenção plena.

Sem dúvida, um livro recomendado para construires uma vida mais pacífica e feliz.

Podes ler mais sobre o autor e este livro no site da Penguin
Podes ler um excerto do livro aqui

O Milagre do Mindfulness, de Thich Nhat Hanh

Conhece Thich Nhat Hanh

Thich Nhat Hanh foi um líder espiritual global, mestre zen, poeta e ativista pela paz, respeitado em todo o mundo pelos seus ensinamentos poderosos e pelo seu exemplo de vida.
O seu ensinamento-chave reside na crença de que, através do mindfulness, podemos viver em plenitude no momento presente, e que essa é, aliás, a única forma de desenvolvermos a paz, tanto em nós mesmos como no mundo.
Pioneiro a trazer o mindfulness para o Ocidente, sobreviveu a três guerras, a perseguições e a mais de 30 anos de exílio, e fundou seis mosteiros e dezenas de centros de prática de mindfulness em todo o mundo. Escreveu mais de cem livros de poesia, ficção e filosofia, e foi proposto para o Prémio Nobel da Paz por Martin Luther King, que o apelidou de «apóstolo da paz e da não violência».
Thich Nhat Hanh viveu mais de 30 anos num mosteiro budista por si fundado chamado Plum Village, que é também um centro de meditação, em França, perto de Bordéus. Em 2018, regressou ao seu Vietname natal, onde veio a falecer, a 22 de janeiro de 2022.

www.ThichNhatHanhFoundation.org

Thich Nhat Hanh. Fonte: Penguin

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador do Instituto Educação pela Paz. Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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João Magalhães Reiki
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