Ler à Sexta – Maktub, de Paulo Coelho
Bem-vindo a mais um Ler à Sexta e hoje apresento-te mais um livro de Paulo Coelho, Maktub, publicado pela Pergaminho. Maktub é uma palavra em árabe que significa ” já estava escrito ” ou ” tinha que acontecer “. E assim começa mais um livro de Paulo Coelho:
MAKTUB NÃO É UM LIVRO DE CONSELHOS, mas uma troca de experiências. Em grande parte é composto de ensinamentos do meu mestre, no decorrer de onze longos anos de convivên-cia. Outros excertos são relatos de amigos ou de pessoas com quem me cruzei uma vez – mas que me legaram uma mensagem inesquecível. Finalmente, há os livros que li e as histórias que – como diz o jesuíta Anthony Mello – pertencem à herança espiritual da raça humana.
Maktub nasceu de um telefonema de Alcino Leite Neto, então diretor do caderno Ilustrada na Folha de S. Paulo. Eu estava nos Estados Unidos e recebi a proposta sem saber exatamente o que iria escrever. Mas o desafio era estimulante e resolvi ir em frente; viver é correr riscos.
Ao ver o trabalho que dava, quase desisti. Além do mais, como precisava de viajar para a promoção dos meus livros no estrangeiro, esta coluna diária tornou-se um tormento. No entanto, os sinais diziam-me que continuasse: uma carta de um leitor chegava, um amigo fazia um comentário, alguém me mostrava os recortes que ia guardando na carteira.
Lentamente, fui aprendendo a ser objetivo e direto na escrita. Fui obrigado a reler os textos que sempre adiei, e o prazer desse reencontro foi imenso. Comecei a anotar com mais cuidado as palavras do meu mestre. Enfim, passei a olhar
Maktub, de Paulo Coelho
UMA LENDA DO DESERTO conta a história de um homem que ia mudar de oásis e começou a carregar o camelo. Colocou os tapetes, os utensílios de cozinha, os baús da roupa – e o camelo aguentava tudo. Quando ia a sair, lembrou-se de uma linda pena azul que o seu pai lhe tinha oferecido.
Resolveu ir buscá-la e colocou-a em cima do camelo. Nesse momento, o animal arreou com o peso e morreu.
«O meu camelo não aguentou o peso de uma pena», deve ter pensado o homem.
Às vezes pensamos o mesmo do nosso próximo, sem percebermos que a nossa brincadeira pode ter sido a gota que fez transbordar a taça do sofrimento.
O que representou este livro para mim
Na minha década de 20 li imensos livros do Paulo Coelho, como o Diário de um Mago, que tanto me marcaram. Principalmente esse livro que pude ler antes de iniciar o meu caminho de Santiago ao longo de mais de 300km pela rota francesa.
Maktub trouxe-me o relembrar dessas memórias e das aprendizagens espirituais que o caminho me trouxe e que toda essa década despertou em mim. Uma das histórias deste livro, Maktub, descreve bem o que foi este recordar:
O MESTRE ENCONTROU-SE COM OS DISCÍPULOS certa noite e pediu que acendessem uma fogueira, para que pudessem conversar.
– O caminho espiritual é como o fogo que arde diante de nós – disse. – Um homem que deseje acendê-lo tem de se conformar com o fumo desagradável, que torna a respiração difícil e arranca lágrimas aos olhos.
Assim é a conquista da fé.
No entanto, uma vez o fogo aceso, o fumo desaparece e as chamas iluminam tudo ao redor dando-nos calor e calma.
E se alguém acender o fogo por nós? – perguntou um dos discípulos. – E se alguém nos ajudar a evitar o fumo?
Se alguém o fizer, é um falso mestre. Que pode levar o fogo para onde desejar ou apagá-lo quando quiser. E, como não ensinou ninguém a acendê-lo, é capaz de deixar todo o mundo na escuridão.
Desejo que possas ter maravilhosas aprendizagens com este breve livro, composto por tantas histórias que a ti talvez também relembrem algo.
Encontramo-nos num próximo Ler à Sexta.
Maktub, de Paulo Coelho
Podes ler um excerto do livro aqui…
Mais informações sobre o autor e a sua obra na Editora Pergaminho
Conhece Paulo Coelho
Um dos escritores mais influentes da atualidade, Paulo Coelho é autor de 30 best-sellers internacionais, entre eles O Alquimista, Brida, Veronika Decide Morrer, Manual do Guerreiro da Luz e Onze Minutos. É membro da Academia Brasileira de Letras e Mensageiro da Paz das Nações Unidas. Paulo recebeu 115 prêmios e condecorações internacionais, entre eles, o Chevalier de l’Ordre National de la Légion d’Honneur (Legião de Honra). Nascido no Rio de Janeiro em 1947, logo descobriu sua vocação para a escrita. Trabalhou como diretor, ator de teatro, compositor e jornalista. Em 1986, um encontro especial levou-o a fazer a peregrinação a Santiago de Compostela (Espanha). O Caminho de Santiago não foi apenas uma peregrinação comum, mas um ponto de viragem na sua existência. Um ano depois, escreve A Peregrinação, um romance autobiográfico que é considerado o início da sua carreira.