O jornalista Perry Garfinkel chegou a um momento da sua vida em que a mente apenas o arrastava para o fundo. Era um momento de revisão de vida, de quem era e o que fizera. Esse momento levou-o à procura da transformação seguindo os princípios de vida de um grande homem – Mahatma Gandhi.
Tal como tantas vezes acontece quando julgamos que chegámos ao fundo do poço, há algo ainda mais fundo por baixo desse, e é então que a mente assume o controlo. A minha mergulhou em espiral no abismo, um reino infernal, sem fundo, mas carregado de dúvidas pessoais, desprezo pessoal e impotência, onde nem o meu encanto discreto conseguiu minimizar os erros que cometi e os fracassos que experimentei na vida. E depois chegou a avalancha de questões e de dúvidas para as quais não tinha respostas. Quem sou eu?
Porque sou assim? Quantas pessoas vigarizara para chegar onde estava? Quantas pessoas eu ferira inadvertidamente com as minhas inseguranças? Quando é que passei a apresentar uma convicção obstinada, disfarçada de sobranceria?
Quando é que pagarei pelos meus atos? Quantas vezes sabotei as oportunidades que tive para ser feliz?
… Foi o Primeiro Dia da minha decisão de me transformar segundo os princípios de Gandhi.
Gosto da forma de escrever de Perry Garfinkel, direto, real, sem rodeios, cru. O livro é um relato das suas viagens ao encontro de Gandhi e como ser Gandhi, sempre com a abertura e realismo que tantas vezes não existe em livros e muitas vezes é fantasiada para que se conheça o autor como uma pessoa isenta, ou elevada. Perry Garfinkel não é isso e mostra-o ao longo das suas experiências pelos seis pilares que considera que Gandhi se regeu.
Mais ainda, este livro tem um pequeno roteiro ilustrado de um dia na vida de Gandhi… quem sabe se não te inspira?
Conheci Gandhi aos 16 anos, claro, aquela idade idealista, a procurar o melhor em mim, nos outros e no mundo. O meu avô guiou-me até em pequenas coisas como o colocar uma fotografia de Gandhi no quarto e como o fundo da fotografia poderia auxiliar na energia que dela emanava.
No meu caminho pela India, à procura de Buda, encontrei também Gandhi e Ambedkar. Todos trilham o mesmo caminho para a paz, porque no fundo, tudo o que queremos é paz. Deste livro tirei muitas coisas boas e positivas, e também a realidade de nós seres humanos que falhamos, que podemos falhar, mas que também podemos ser melhores. Como diz Perry Garfinkel:
Alguma vez virei a ser Gandhi? Não. É impossível ser Gandhi. Mas tornar-me Gandhi – parecido com Gandhi – haverá sempre possibilidades.
Será o leitor capaz de se tornar Gandhi? Não. Mas nos nossos tempos, em que a moral deu lugar ao egoísmo maquiavé-lico, está na altura de retirar deste livro aquilo que considerar de valor, o que lhe parecer ser necessário mudar em si para recalibrar o seu prumo moral.
Como Ser Gandhi, de Perry Garfinkel
Como Ser Gandhi… com consciência plena Portanto, como alcançar o nível de Gandhi? O primeiro passo é esquecer isso enquanto objetivo. Vivamos um dia de cada vez, acrescentando uma coisa boa, eliminando uma coisa má. Mantenha-se atento à bússola moral. Quando der por si a perder-se, tal como tantas vezes me aconteceu, volte a orientar-se num rumo que se aproxime dos ventos de mudança. Não tente abraçar os seis princípios de uma vez só — isso é a receita para o fracasso. Empenhar-se na sua concretização para depois os abandonar vai sobrecarregá-lo ainda com mais culpa, como se não se sentisse já suficientemente mal na sua pele. Encare isto como um processo, não como um produto. Escolha uma moral por dia, ou por semana, ou por mês, e dedique-se a contemplar o que pode fazer para a abordar — e depois aja concomitantemente. Aprecie a viagem, ou, pelo menos, comece por aguentar a viagem. Nunca é demasiado tarde para começar, nunca é demasiado cedo para dar passos a caminho da mudança. Use estes seis princípios, e o próprio Gandhi, como um prisma através do qual pode examinar todas as dimensões e implicações de seguir uma vida moral, tanto a um nível pessoal como global. Trata-se de uma experiência, pelo que haverá bastantes falhanços. Mas, tal como diz o velho conselho Zen, caia sete vezes e levante-se oito.
Procurei, então, a minha neta brilhante. Kasey sabia muito pouco acerca de Gandhi e não fazia ideia do que eu andara a fazer nos últimos três anos. Pedi-lhe, assim, que fizesse uma recensão do pequeno livro Who Was Gandhi?, de Dana Meachen Rau,… A conclusão dela foi a seguinte:
Se Gandhi ainda fosse vivo, o mundo seria um lugar melhor. Gandhi encorajava as pessoas a manifestarem-se e a apelarem à mudança no mundo. Ele lutou pelo que era correto usando satyagraha, a força da verdade, que envolve a não-cooperação, a não-violência e a ausência de posses. Não-cooperação significa infringir leis injustas de uma forma que não seja prejudicial nem violenta.
Não-violência é apenas não ser violento com ninguém.
E, por fim, a ausência de posses é não ter coisas a mais e usar só aquilo de que precisamos, e nunca mais. A grande coisa que aprendi com este livro foi que Gandhi fez. a diferença em muitas coisas, e ele ainda inspira as pessoas a fazer o mesmo.
Desejo que este livro te traga maravilhosos momentos inspiradores e que, de alguma forma, Gandhi te guie, conduza, por um espírito de não-violência.
Encontramo-nos num próximo Ler à Sexta…
Conhece Perry Garfinkel
Perry Garfinkel é um jornalista veterano, editor, orador e autor do bestseller Buddha or Bust: In Search of Truth, Meaning, Happiness, and the Man Who Found Them All (2006). Foi colaborador em diversas secções do New York Times desde 1986 e escreveu para a revista National Geographic, o Los Angeles Times e o Huffington Post, entre outros. É convidado frequente do programa Health & Well-Being Report da rádio WCBS-NY. Em português tem publicado, pela Nascente Editora, Como Ser Gandhi.
Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».