Os oito versos para o treino da mente – um caminho de compaixão
Escritos por Geshe Langri Tangpa (1054-1123), os oito versos para o treino da mente fazem parte de um ensinamento valioso para quem queira desenvolver em si a compaixão.
Os oito versos para o treino da mente – oito observações na compaixão
Pode parecer que estes oito versos nos encaminham para a desvalorização, mas na verdade, com uma leitura e entendimento claro, compreendemos que, na verdade, são etapas para a correção da nossa perspetiva sobre nós próprios, os outros e a vida.
No quinto verso, “que eu aceite a derrota e ofereça a vitória aos outros”, não nos é estimulado para sermos sempre os últimos, mas sim para compreendermos que não precisamos cumprir todos os desejos e que também devemos saber beneficiar os outros. Por exemplo, se um autor te quer dar um livro, podes dizer “eu quero comprá-lo”. Se alguém está com dificuldades no teu trabalho, podes ajudá-lo. Isso é saber beneficiar e valorizar, sabendo que por si mesmo já tem valor.
Também no oitavo verso Langri Tangpa fala sobre as oito coisas passageiras, mais conhecidas como as oito preocupações mundanas. Ele apela à observação de que tudo é uma ilusão, um apego ao qual nos entregamos. São estas oito preocupações:
- Querer ser elogiado;
- Não querer ser criticado;
- Querer prazer;
- Não querer dor;
- Querer ganhar;
- Não querer perder;
- Querer ser reconhecido;
- Não querer ser ignorado.
Os oito versos para o treino da mente
(1) Que eu sempre valorize todos os seres limitados por considerá-los muito superiores às joias realizadoras de desejos no que diz respeito à conquista do objetivo supremo.
(2) Sempre que eu estiver na companhia de alguém, que eu me considere menos que todos os outros e, do fundo do meu coração, valorize os outros mais do que a mim mesmo.
(3) O que quer que eu faça, que verifique o fluxo da minha mente e no momento em que concepções ou emoções perturbadoras aparecerem, já que elas me debilitam e aos outros, que eu as confronte e evite com métodos vigorosos.
(4) Sempre que eu observar seres instintivamente cruéis, dominados por negatividades e problemas sérios, que eu os valorize como difíceis de encontrar, assim como descobrir um tesouro de joias.
(5) Quando os outros, por inveja, me tratarem injustamente, com repreensões, insultos e mais, que eu aceite a derrota e ofereça a vitória aos outros.
(6) Mesmo que alguém que eu tenha ajudado, ou por quem tenha grandes expectativas, me prejudique de forma completamente injusta, que eu o veja, ou a veja, como um professor sagrado.
(7) Enfim, que eu ofereça a todas as minhas mães, direta ou indiretamente, o que quer que as beneficie e lhes traga alegria; e que ocultamente tome para mim todos os problemas e infortúnios das minhas mães.
(8) Durante tudo isso, que a minha mente permaneça isenta das máculas das concepções a respeito das oito coisas passageiras e que eu entenda todos os fenómenos como uma ilusão, que eu me liberte da minha escravidão, sem nenhum apego.
Como praticar os oito versos para o treino da mente
Experimenta lê-los todos os dias. É uma leitura rápida, mas tenta interiorizá-los. Depois, se quiseres, podes dedicar, ao longo de oito dias, um verso por dia e refletir mais profundamente sobre ele. Por exemplo no segundo dia “(2) Sempre que eu estiver na companhia de alguém, que eu me considere menos que todos os outros e, do fundo do meu coração, valorize os outros mais do que a mim mesmo.” Observa se conheces alguém assim, o que sentes? O que pensas dessa pessoa? Como pode o teu coração ser compassivo para com ela?
Podes ainda imprimir este PDF como referência…
Um comentário
Francisco Alves Pereira
OBRIGADO, JOÃO MAGALHÃES. IREI OBTER O VOSSO LIVRO PELA AMAZON BRASIL. SEUS ARTIGOS SÃO MUITO VALIOSOS. GRATIDÃO. DAMASTEH👍👍👍👍👏👏👏👏👏