Nirvana – um ebook
O que é o nirvana?
Embora muitas vezes ouvimos referências ao maravilhoso e alegre estado do nirvana, a maioria de nós não tem a menor ideia do que realmente é o nirvana. Algumas pessoas até confundem o nirvana como um eufemismo para a morte.
Alguns ascetas consideram o nirvana simplesmente como uma aniquilação ou dissolução. Eles dizem: “O término do corpo físico e a exaustão do mérito de alguém é o estado do nirvana”. A Escola Sautranika[1] também considera o nirvana como a dissolução dos cinco agregados[2]. Um texto particular do Theravada diz: “O Nirvana é a exaustão completa dos agregados, como um incêndio que tudo queimou ou ventos que param”. Essas visões do nirvana são unilaterais e talvez até possam levar ao engano, na realidade, nirvana e aniquilação são tão diferentes quanto o dia e a noite.
Todos nós lemos uma vez ou outra a história do príncipe Sidarta a meditar sob a árvore bodhi. Compenetrado na meditação, ele olhou para o céu estrelado e, num lampejo de discernimento, viu a verdadeira natureza das coisas e tornou-se um Buda totalmente iluminado. Este despertar para as verdades da vida e do universo é o que chamamos de nirvana. Ele viu através da dualidade do eu versus eles, transcendeu a limitação do tempo e do espaço e entrou no reino ilimitado do dharmakaya[3]. Porque devemos preocupar-nos com o nirvana? Se pararmos e avaliarmos as nossas vidas, veremos que a existência humana é limitada em termos de tempo e espaço. A vida dura não mais do que algumas décadas, e o corpo geralmente não cresce mais que um metro e oitenta. O Nirvana liberta-nos de tais limitações e permite-nos romper a concha da ilusão. No nirvana, a vida permeia todo o espaço, “atravessa os três reinos da existência e abrange as dez direções”. No nirvana, a vida pulsa a toda a hora, ” estende-se da antiguidade ao presente sem mudanças, vive através de uma miríade de kalpas e é para sempre nova”. Nesse estado, “a mente abrange todo o universo, atravessando reinos tão numerosos quanto grãos de areia”. Quando vemos que o eu e o mundo material ressoam em harmonia e quando entendemos o eu e o outro como um, então não há impulso para o ciúme, nem espaço para o ódio ou para a discriminação.
Simplificando, ao redescobrir a nossa natureza original, habitamos no nirvana e somos mais uma vez capazes de ver através da dualidade de sujeito versus objeto e a limitação do tempo e espaço.
Embora a linguagem humana e o cérebro humano sejam limitados, dificilmente propícios à compreensão do nirvana, devemos, no entanto, tentar entendê-lo. Nas próximas páginas, começaremos com uma visão geral do nirvana, falaremos sobre os fundamentos do nirvana, como ele pode ser realizado e, finalmente, como é o domínio do nirvana.
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[1] Uma importante escola Theravada.
[2] Os cinco agregados são forma, sentimento, percepção, vontade e consciência.
[3] O corpo da verdade