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Meditação para a Compaixão

Maitri ou Metta, significa benevolência, boa vontade, ação ativa pelos outros – compaixão. Tanto no Hinduísmo como no Budismo, encontramos como pilar da consciência a necessidade de fazer crescer a compaixão nos nossos corações, ou melhor, no correto entendimento da nossa mente/coração.

O que é compaixão e como nos concentrar-nos nela

A compaixão é um antídoto natural que temos na nossa mente primordial, aos venenos da mente e que faz parte da nossa consciência. Ao longo da vida, apenas lutamos, esforçamo-nos, para regressar a esse estado mental, a essa consciência, a essa forma de viver.

A compaixão é um desejo positivo, é uma força que está em nós, é muitas vezes um grito interior demasiado alto que clama pelo alívio do sofrimento.

A melhor forma de entendermos que devemos procurar o alívio do sofrimento é queremos ajudar os outros, mas e se essa é apenas uma chamada de atenção para o nosso entendimento e não o propósito final?

Todos os seres sofrem, disso não há qualquer dúvida, mas porque sofrem?

Temos as condições exteriores, como o frio, o calor, a guerra, a fome e temos as condições interiores, como os venenos da nossa mente – a raiva, a ganância e a ignorância. Estes venenos são fruto da nossa inquietude.

Então é tudo tão simples quanto isto?

Talvez… é algo que deves procurar em ti, no teu caminho de compaixão. Este caminho indica que deves saber ter compaixão por ti, ou seja, aliviar-te do teu próprio sofrimento, que deves saber deslocar essa compaixão que criaste até aos teus amigos e família, até às pessoas que te são neutras, até àqueles que te trazem dificuldades e a todos os seres vivos.

Então, a compaixão é um caminho de vários passos, dos quais, abordaremos os cinco mais importantes.

A meditação para a compaixão – a nossa meta em cultivar Metta

Praticar meditação é saber estar connosco, quando sabemos conviver com os nossos pensamentos e emoções, somos capazes de aprender a estar com os outros. Ao cultivarmos bons pensamentos, que têm a capacidade de gerir positivamente as emoções e saber lidar com memórias, então estamos já com uma boa prática de compaixão.

A vida irá colocar-te à prova, lembra-te do esforço que fizeste e de como cultivaste compaixão. A vida não te quer mal, apenas quer que afirmes o que já praticas.

Com certeza que já sentiste o ódio ou raiva por parte de alguém, mas também é provável que já sentiste ódio ou raiva por alguém.

Quando essa emoção cresce em nós, enraiza-se como uma erva daninha e torna-se um sentimento pesado que fica no nosso coração.

Lembra-te que, assim como tu já tiveste raiva, apego e ignorância, também os outros o tiveram ou têm. Ao lembrarmo-nos disso, conseguimos compreender as suas ações e as repercussões delas.

Assim como nós temos que lidar com os efeitos das nossas próprias ervas daninhas, também os outros o terão que fazer, no seu tempo de consciência.

Quais os benefícios de praticar a compaixão?

Segundo o Anguttara Nikaya (Os Discursos Numéricos), a prática de Metta, a compaixão, tem 11 benefícios:

  1. Dormes melhor!
  2. És mais feliz!
  3. Não tens maus sonhos!
  4. É-se amado por todos os seres humanos!
  5. É-se amado também por todos os que não são seres humanos!
  6. É-se protegido pelos divinos Devas!
  7. Não é magoado por fogo, veneno ou armas!
  8. Rapidamente se alcança a Concentração da Absorção (concentração total)!
  9. A aparência torna-se Serena, Calma e Composta!
  10. Morre-se sem Confusão, Perplexidade ou Pânico!
  11. Ressurge-se após a morte no nível de Brahma se a pessoa não meditou até um nível superior nesta vida!

Claro que esta é uma perspetiva budista, com a clara influência do Hinduísmo, mas é interessante, ao praticarmos a compaixão, como alguns destes pontos se tornam reais.

Também no Sutra Metta (Sutra da Compaixão), o Buda indica-nos

Possam todos os seres sencientes estarem bem, seguros, possam todos estar em serenidade.

Quaisquer seres vivos que possam existir, quer em movimento ou parados, sem exceção, quer sejam enormes, grandes, medianos, ou pequenos, quer minúsculos ou substanciais,

Quer visíveis ou invisíveis, quer a viver perto ou longe,

Nascidos ou por nascer, possam todos os seres serem felizes.

Que nenhum engane ou despreze o outro, em qualquer parte. Que nenhum deseje mal ao outro, em raiva ou ódio.

Buda

Com estas palavras, compreendemos a profundidade da compaixão, ela é estendida a todos os seres, quaisquer eles sejam, incluíndo a próprios.

Será fácil?

Não é, mas é um caminho possível e que só nos trará a nós e aos outros, felicidade.

Os vários passos do cultivo da compaixão

Como vimos anteriormente, existem cinco degraus maiores na prática da compaixão:

  1. A compaixão por nós próprios;
  2. A compaixão para com um bom amigo;
  3. A compaixão para com uma pessoa pela qual temos sentimentos neutros;
  4. A compaixão por uma pessoa difícil;
  5. A compaixão por todos os seres vivos.

Quando contemplamos e desenvolvemos em meditação cada um destes passos para a compaixão, ela enraiza-se mais profundamente em nós. A prática saudável traz frutos saudáveis.

Pratica este tipo de meditação, se possível, durante 15 minutos e se puderes, diariamente, para cultivar o pensamento positivo que te pode auxiliar a transcender os padrões negativos que tão naturalmente vamos deixando entrar na nossa vida.

1 – A compaixão por nós próprios

Quando nos observamos, quando cuidamos de nós próprios, estamos a agir com compaixão.

O processo de desenvolvermos compaixão por nós próprios está relacionada com o entendimento do que pensamos e do que sentimos. Não te esforces a tentar compreender que emoção é, mas uma forma de a compreender é tomar consciência do pensamento que surge.

2 – A compaixão para com um bom amigo

A amizade é uma das mais valiosas joias da nossa vida. Ao estender a nossa compaixão para com aqueles que amamos, quer sejam família ou amigos, estamos a alargar a ação dos nossos pensamentos positivos e a auxiliar beneficamente o sofrimento dessas pessoas que nos são próximas.

3 – A compaixão para com uma pessoa pela qual temos sentimentos neutros

Uma pessoa pela qual temos sentimentos neutros é alguém que não conhecemos tão bem, apenas temos consciência da existência daquela pessoa, mas não temos nem sentimentos positivos nem negativos, no entanto, levar compaixão a essa pessoa é como levar água a uma planta com sede, pela qual passamos no nosso caminho diário.

A bondade é ilimitada, ela chega para todos, se sempre a cultivares em ti mesmo.

4 – A compaixão por uma pessoa difícil

Recordas-te daquela pessoa que te complicou a vida no trabalho? Que te traiu? Que te humilhou?

Porque essa pessoa o fez?

Sofrimento!

Cada um tem uma forma própria de expressar o seu sofrimento, mesmo que até ame muito essa pessoa, poderá não ter consciência que lhe leva sofrimento.

Desenvolver a compaixão por uma pessoa difícil é uma tarefa árdua, mas é um dos maiores passos para a libertação da nossa consciência e vida.

5 – A compaixão por todos os seres vivos

Ter um pensamento de bondade, carinho por todos os seres vivos não é algo de tão fácil quanto possa parecer, pois é ter essa bondade pelas aranhas que possas detestar, pelas cobras que te podem meter medo, pelos assassinos, ladrões, mas também pelos animais queridos de que tanto gostas, pelos teus familiares e amigos.

A compaixão por todos os seres vivos é o maior de todos os entendimentos sobre a vida e sobre a felicidade.

O exercício da compaixão é para toda a vida, é uma prática quotidiana, uma vivência do que é saudável e construtivo.

Podes também escutar este artigo em podcast…

Só por hoje, vale a pena praticar.

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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