A paciência para os filhos
Será que precisamos ter paciência para os nossos filhos e será que eles também devem aprender a tê-la? Porque será tão importante?
Reflexões sobre a paciência
Sobre a paciência diz o Ven. Mestre Hsing Yun:
O que é a paciência?
Paciência é o reconhecimento e aceitação. Paciência é envolver, lidar com, limpar e dissolver. Um exemplo é quando um pai regressa a casa e o seu filho faz uma grande agitação e diz: “Pai, ajoelha-te e vamos brincar aos cavalinhos!” e o pai então ajoelha-se e deixa o seu filho sentar-se nas costas e brincar aos “cavalinhos”. Não só o pai não está ofendido, como ainda ri de coração cheio porque ama o seu filho, de outra forma, poderia até lhe ter dado umas palmadas na cara.
Ven. Mestre Hsing Yun “Four Insights, Finding Fulfillment”
Sem paciência, será muito difícil conseguir ter atenção para o filho que quer brincar, quando se chega a casa exausto, cheios de sono e de uma mente a transbordar de pensamentos e preocupações.
A determinada altura, perguntamo-nos, mas para que todo o esforço? Como posso ter paciência com tantas dificuldades e ainda cuidar de um, dois, três filhos?
A paciência para a vida é reconhecer o que é amargo e doce em todas as experiências da vida e os caprichos das relações interpessoais e depois, aceitar a responsabilidade por elas e reconciliar as aflições das mágoas passadas. Devemos ter paciência pela vida, se esperamos ser capazes de sustentar as nossas vidas e viver livremente. Por exemplo, se temos um trabalho em que precisamos acordar cedo para apanhar o autocarro, lidar com a dor e exaustão de estar na hora de ponta, ao frio ou ao calor e aguentar a falta de descanso. Assim que chegamos ao trabalho, existem muitas opiniões divergentes, favoritismo e rancores entre os teus colegas. A paciência é o poder da sabedoria.
Ven. Mestre Hsing Yun “Four Insights, Finding Fulfillment”
Compreender que a nossa vida é feita altos e baixos leva-nos a ter resiliência, saber que se as coisas correm mal, nós conseguimos lidar com elas, é um dos expoentes máximos do cultivo da paciência, pois isto quer dizer que não precisamos de tudo no imediato, mas que cada coisa deve ter o seu tempo e as suas condições.
Quando temos filhos, muita da nossa atenção vai para eles, faz parte do nosso instinto protetor e desejo que possam ter tudo do melhor, mas isso não será bom se apenas trouxer sofrimento e falta de paciência. Se andarmos em mil atividades para que eles possam ter tudo, como ficamos nós e como irão ficar eles tendo os pais com falta de paciência?
Conseguirmos estar é muito importante.
Parece ser mais um chavão, o estar “no aqui e agora, no momento presente”, mas é uma grande verdade. Precisamos estar de mente e coração em cada momento e não ansiosos com o que há a fazer no próximo.
Saber gerir tempo também é cultivar a paciência e ensinar isto aos filhos é muito importante. Não precisam de ter tudo no momento, o saber esperar é também saber apreciar, é saber olhar para o espaço e necessidade do outro. Algo que é muito importante aprender, para que não se tornem em futuros colegas de trabalho que interrompem a qualquer momento com necessidades infundadas.
A paciência explica-nos muito sobre a forma como observamos e lidamos com a vida. Começar de pequenino a aprender a ser paciente, poderá ser uma ferramenta muito valiosa para o futuro, não só da criança, como de todos os que a rodearem.
Poderás ler mais sobre a paciência e outros aspetos do budismo como filosofia de vida em O Caminho para a Iluminação.