Budismo

A virtude da paciência

Nos dias de hoje a paciência nem sempre tem uso, nem lhe é dado o valor que realmente devia ter. Tudo tem que ser imediato, se há uma pergunta, imediatamente deve haver uma resposta e esta precisa ser até de acordo com a vontade daquele que pergunta.

Estamos a iniciar uma aprendizagem e já queremos ter chegado ao fim para alcançar o seu propósito ou estarmos a realizar trabalho como sendo um produto final que nos trará o que pretendemos. Quando deixamos a nossa impaciência levar-nos a viver desta forma, estamos sempre a correr até perdermos a noção de porque é que corremos.

Por vezes até olhamos para a paciência como resignação “paciência, é mesmo assim…”, mas na verdade a paciência não é resignação, ela é uma clara visão da realidade. Não é uma âncora que nos arrasta, mas sim asas que nos elevam.

A paciência é um poder, um ensinamento do Ven. Mestre Hsing Yun

O verdadeiro tesouro é a paciência, pois garante sempre a paz, trata sempre bem os outros e proporciona sempre a maior recompensa.

Sutra da paciência de Rahula.

O Ven. Mestre Hsing Yun aponta quatro características importantes para a paciência:

  1. A paciência dissipa a ira;
  2. A paciência é um refúgio digno de confiança;
  3. A paciência é a fonte de muita bondade;
  4. A paciência é a fonte ou causa da sabedoria bodhi

Ser paciente é ser destemido, é ter um claro entendimento da verdade e, com essa sabedoria, sabe reconhecer a ilusão e não se apegar à ira ou revolta por algo que não é real. Por exemplo, se alguém te insulta, porque apegares-te ao insulto?

A paciência é como uma água que nos sacia da sede em pleno deserto, mas a ira é como carvão ardente que nos queima interiormente e mais dor e sofrimento nos traz.

No caso específico do insulto, da ofensa, o Ven. Mestre Hsing Yun dá-nos quatro ferramentas para trabalharmos com a paciência:

  1. Quando for insultado, não responda. O silêncio é a melhor resposta;
  2. Se for agredido, tranquilize a mente. Uma mente em paz pode suportar qualquer coisa e acabará sempre por prevalecer;
  3. Quando for alvo do ódio invejoso de alguém, responda com compaixão. No final, até mesmo um lampejo de compaixão derrete todo o ódio do mundo;
  4. Quando for caluniado e insultado, contemple a virtude e a misericórdia. A picada do insulto faz a virtude crescer e o absurdo da calúnia informa a mente da importância da misericórdia.

Gastamos muita energia a pensar no insulto, ou a pensar no que queremos alcançar, mas não gastamos energia a ter paciência, pois esta é um reconhecimento daquilo que é o tempo certo e ainda é um reconhecimento da sabedoria da impermanência, em que se reconhece que nada é constante e muito menos que a vida se passa da forma que queremos.

A paciência ajuda-nos a compreender as nossas condições de vida e a saber que é necessário mudá-las através do seu entendimento.

Sem dúvida que vale a pena cultivar a paciência e esta surge quando nos desapegamos daquilo que pouco valor tem para a nossa humanidade.

Poderás ler mais aprofundadamente este tema a partir da página 119 do livro Ser Bom – Ética Budista para o dia a dia.

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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