2019 - Consciência,  A condição humana

Nas imperfeições do outro eu revejo as minhas – como crescer com as aprendizagens

A grande sabedoria surge quando conseguimos aprender pela história e também com o percurso de vida dos outros. Não só os bons exemplos são inspiradores, mas também as imperfeições podem fazer-nos entender o que há a mudar em nós próprios.

Como a imperfeição do outro me pode ajudar a crescer e a construir um mundo em harmonia

Todos nós lidamos com pessoas mais ou menos complicadas e, em determinados momentos da nossa vida, encontramos pessoas verdadeiramente complexas. Olhamos para elas e vemos muitas questões, detalhes de imperfeição na sua forma de agir e de ser, que trazem danos a si mesmas e por vezes mais aos outros.

Pensarmos em imperfeição pode querer dizer que procuramos perfeição, mas esta pode ser uma palavra incorreta e uma atitude que nos cultivará irrequietude e insatisfação.

Este bichinho que não pára, dentro de nós, por querermos algo perfeito, pode levar-nos a julgar arduamente os outros e a nós próprios. Então, esta não é uma perfeição positiva ou um procurar de perfeição com uma intenção correta.

Compreendendo que não existe perfeição e que se alguma vez esta for alcançada nós estaremos em paz e não precisaremos de a fazer valer, então significa que o que nos inquieta por os outros não serem perfeitos ou nós próprios, não é algo de bom.

Vendo de um outro ponto de vista, precisamos sim cultivar aceitação e entendimento. Ao observar o ato impensado do outro, as suas atitudes irresponsáveis ou pouco humanas, se agirmos com dor, tristeza, sofrimento ou raiva, não estaremos a fazer bem. Isto porque é um movimento tipo dominó. O outro não está bem, eu não estou bem, eu irei afligir outros que me conhecem e por aí adiante… um verdadeiro dominó, o qual começa responsavelmente por mim, se eu tiver a consciência disso.

Sabendo cultivar a atitude positiva dos cinco princípios, eu compreendo que a imperfeição do outro sobre mim, ou mesmo sobre os outros, poderá trazer-me grande crescimento.

Tudo aquilo que ressoar em mim, serão também as minhas próprias fragilidades, ou seja, a incorreção existirá sempre, mas a minha forma de lidar com ela é que terá que mudar. Se eu vir crianças em pobreza, mas não tiver as condições para as tirar dessa pobreza e apenas sofrer, então não estarei a fazer nada de bom, mas se eu tiver uma atitude construtiva e, dentro daquilo que sei, ajudar da melhor forma possível, então estarei a construir um mundo melhor.

Esta imperfeição circular faz-nos entender que somos todos interdependentes, ou seja, dependemos uns dos outros. Se tu estás triste, eu não estarei 100% bem. Se eu não estou bem, outros também não ficarão bem e assim sucessivamente. Por isso mesmo, quando em consciência agimos em compaixão, ou seja, com sabedoria, sabemos que ajudaremos aquele que não está bem da melhor forma e assim cultivamos um novo terreno, para que novas sementes sejam plantadas e uma nova colheita seja possível.

É através da imperfeição do outro que eu vejo a minha própria, é através dessa sabedoria, que muito pode ser transformado.

Resumo da sabedoria pelas imperfeições

  1. O outro e eu somos um

    Mesmo que outra pessoa tenha um comportamento incorreto, todos nós fazemos parte desta vida comum e, de alguma forma, todos somos úteis nela. Compreender este ecossistema humano ajuda-nos a alcançar harmonia e serenidade.

  2. Cada vida é diferente, mas as lições poderão ser as mesmas

    É importante observar as lições dos outros, não por curiosidade pela vida alheia, mas sim para construir noções sobre as dificuldade e como ultrapassá-las. O instinto de sobrevivência está sempre presente no ser humano, há que usá-lo corretamente.

  3. O desejo pode tirar-nos do bom propósito

    Se desejas perfeição em tudo, será muito difícil alcançá-la. O Mestre Usui compreendia o sentido da vida quando indicava que “a missão do Usui Reiki Ryoho é guiar para uma vida pacífica e feliz…”.

  4. A perfeição é desnecessária quando alcançada

    Quando somos diligentes para a nossa mudança, mas o fazemos com harmonia e confiança, compreendemos como não vale a pena nos apegarmos aos conceitos. Pensar na perfeição é como correr 1000 metros num percurso infinito. Se alguém alcança a perfeição é porque certamente não tem ansiedade para tal, ou seja, não sofre mental, emocional e fisicamente para essa perfeição, mas vive uma vida que merece ser vivida e respeitada. Então, o maior esforço não é alcançar algo, mas é sim saber viver.

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.