A imperfeição é saudável – um antídoto para a ansiedade
Certo dia tive uma manhã de descanso e aprendi a lição de como a imperfeição é saudável. Ia dar uma boa caminhada, mesmo que houvesse chuva, mas vi a previsão de tempo e durante a minha manhã, tudo estaria bem. Vesti-me confortavelmente para caminhar, tinha tudo pronto, mas apercebi-me que alguns pelos da barba não tinham sido desfeitos… e agora?
O mais natural teria sido removê-los, mas curiosamente o que senti foi que os devia deixar, que não devia cultivar o desejo pela “perfeição”, que muitas vezes leva antes à ansiedade.
As lições da imperfeição e a ansiedade
Na pérsia, os tapetes eram feitos com uma ligeira imperfeição, para que sempre se lembrassem que só deus é perfeito. Conjugando esta história, com a sensação da barba, consegue-se perceber que precisamos ansiar menos e viver mais.
Isto quer dizer que o caminho para a perfeição, para o bem fazer, é um percurso de vida no qual devemos ser diligentes, no entanto, se nesse percurso nos tornarmos ansiosos à conta disso, não chegaremos ao fim que queremos.
Sobre a ansiedade, podemos questionar se uma das razões da ansiedade é um desejo, muitas vezes em surdina, de querermos que tudo esteja perfeito. Esta perfeição é, por vezes, aquela vontade que temos que tudo corra bem, que tudo corra de feição e como queremos. Mas e se o nosso propósito for como o de fazer um tapete persa?
Um tapete persa é magnífico, é lindíssimo, é como nós queremos que tudo na vida fosse, mas lembra-te como os tecelões deixavam sempre uma imperfeição… então reflecte sobre isso. E se no teu propósito deixasses uma imperfeição?
Como seria a tua vida se tudo não tivesse que ser perfeito? E se te permitisses falhar? E qual é a folga que dás a ti mesmo?
Sobre a imperfeição, ou a nossa demasiada exigência pela perfeição, podemos refletir com os cinco princípios:
Só por hoje, sou calmo – De que forma o teu desejo que tudo corra bem, te leva a perder a harmonia, a simplicidade, a calma?
Confio – Porque te falta confiança em ti mesmo para teres tanto desejo de perfeição, ou de que tudo corra sempre favoravelmente?
Sou grato – O que o teu caminho para que tudo esteja sempre perfeito te tem trazido?
Trabalho honestamente – Se és diligente a seguir a tua perfeição ou a vontade de que tudo corra bem, consegues sentir que isso é o melhor para ti e para todos? Que impacto tem esse desejo na vida dos outros? Existe um stress latente? Uma ansiedade que te exige atenção? E aos outros?
Sou bondoso – Quando aceitamos que a vida será sempre “incompleta”, impermanente, interdependente e imperfeita, conseguimos aceitar que os outros também sejam imperfeitos nas suas acções? Que lição de bondade pode esta aceitação te trazer?
Assumir a imperfeição é saudável, ajuda-nos a compreender melhor a vida, os outros e também a relaxar. Estar relaxado é necessário para manter a harmonia.
Um comentário
Maria José Barros
Tao verdade…🙂 vou fazendo o caminho. Muito grata pela ajuda☺