Sobre a morte e Reiki
Falar sobre morte é sempre algo de estranho pois é uma situação que só de pensar nos traz grande reflexão ou pânico. Mas nós, praticantes de Reiki, precisamos ter bem claro dentro de nós este conceito de estado na nossa vida. Esta sabedoria é necessária porque, em algum momento da nossa prática, poderemos ter que cuidar de alguém que tem os seus últimos dias para breve.
Compreender a morte e o conceito de Reiki
Apesar de querermos ter provas sobre tudo, na verdade não temos provas sobre nada. Não comprovamos que estamos vivos, não comprovamos que estamos mortos, pois daqui discorre muita filosofia e crenças. As crenças, essas são próprias de cada pessoa. Então, como podemos nós usar a sabedoria do Usui Reiki Ryoho para compreender estes estados de vida e de morte?
Dizia o Mestre Usui: «Tudo no Universo possui Reiki, sem excepção alguma.»
Ou seja, o Mestre Usui partia do princípio que tudo no Universo, incluindo nós mesmos, é composto de energia. E dizia também o seguinte:
«O treino, de acordo com a lei natural deste mundo, desenvolve a espiritualidade humana. Quando te convenceres de que isto é verdade, o teu treino empenhado trará a unificação com o Universo. As palavras que falas e as acções que tomas tornam-se unas com o Universo e trabalham sem esforço como o absoluto ilimitado. Esta é a verdadeira natureza do ser humano.»
Então o nosso objectivo é uma prática que nos permita desenvolver cada vez mais a nossa verdadeira essência, para que cada vez mais possamos estar unos com o Universo. Compreendendo isto, percebemos que tudo são estados transitórios, como por exemplo os estados da água.
Recordando-nos do significado do kanji de Reiki, sabemos que REI representa céu, chuva, comunicação, pessoas a “dançar”, terra. Como o pedido de chuva que é feito ao céu e dele vem para fertilizar o nosso campo, dançando nós de alegria.
Nuvem, em japonês, escreve-se kumo e a sua origem é a mesma que temos no caracter Rei.
Mas como relacionar uma nuvem e a sua água, com o conceito de vida e de morte?
Uma pequena parábola zen pode ajudar-nos a compreender:
O Mestre Zen Hofaku, sabia que ia morrer, chamou os seus colegas monges e disse: “Esta semana, a minha energia esgotou-se. Não há causa para preocupação. Apenas a morte está próxima”. Um monge perguntou: “Está prestes a morrer! O que isso significa? Nós continuaremos a viver. E o que isso significa?”.
O Mestre respondeu: “São ambas o caminho das coisas”. E o seu discípulo perguntou: “Mas como podemos compreender estes dois estados diferentes?”.
“Quando chove, esvai-se” e, suavemente, Hofaku morre.
Assim, somos como uma nuvem. A nossa vida é um constante navegar pelo céu. Umas vezes juntamo-nos a outras nuvens, outras viajamos sós. Mas somos interdependentes. Precisamos do vento, da água, da Terra, de outras nuvens. Chega um momento, em que toda a nossa água cumpriu o seu propósito e deixamos de ser nuvem. No entanto, não nos perdemos, apenas nos transformamos. As outras nuvens que criamos, não nos perderam, nós fazemos parte de tudo, pois parte de nós está em tudo e foi partilhado ao longo do nosso caminho.