
Os guias espirituais no Reiki – de onde surgiu?
Por vezes ouvimos falar em chamar os «nossos guias e mestres de Reiki» e é algo que pode entrar em choque com algumas crenças, assim como não há necessariamente essa necessidade, nem como há um registo histórico do uso dessa crença, na fundação da prática de Reiki. Vamos então ver de onde surgiu a prática de trabalhar com os «guias e mestres de Reiki».
Quando aprendi Reiki, pela primeira vez, disseram-me que ao sentir a energia podia também «invocar» os meus «mestres e guias de Reiki». O conceito de mestres e guias espirituais não era de todo estranho para mim, portanto, colocar essa crença no Reiki também não me pareceu nada de extraordinário e apliquei tal prática. Ao longo do tempo, começou a fazer sentido não fazer esse pedido – eu estava a trabalhar directamente com a energia e o meu foco era esse. Depois, também a minha meditação e pedido de orientação era dedicado ao Mestre Usui e não, necessariamente, a outros mestres ou guias. Por isso, a determinado momento, quis procurar saber se realmente esta prática era a ensinada por Mikao Usui.
Até ao momento, não há qualquer referência à necessidade de invocar «mestres» ou «guias de Reiki», oriundos dos ensinamentos do Mestre Usui. Algo que faz sentido pois o Mestre Usui foi o Fundador do Método, por isso não havia ninguém antes dele que fosse antepassado e, como tal, tivesse necessidade de ter uma invocação. Por outro lado, não existe qualquer referência à prática de Reiki como estando associada a uma crença específica, neste caso, para se invocarem mestres ou guias, possivelmente o Budismo ou Xintoísmo. Os preceitos não indicam, assim como o manual do Mestre Usui e o Manual da Usui Reiki Ryoho Gakkai. E isso é natural pois Reiki é energia disponível em todo o lado, que o praticante ao estar capacitado pela sintonização, veicula pelo Método Usui Reiki Ryoho.

De onde surgiu o uso de guias e mestres de Reiki?
Mesmo a Mestre Takata, que indicava Reiki como vindo do Criador, do Divino, com uma aproximação muito mais espiritual e ligada à cultura ocidental, não dava essa indicação clara. Por isso, muito possivelmente, foi uma prática que surgiu envolta nas crenças da New Age nos Estados Unidos e com maior presença no Brasil e Portugal pelo seu sistema de crenças. Em muitas práticas espirituais se usa a invocação de mestres e guias e a aculturação entre as crenças japonesas e as ocidentais deu-se de tal forma que muito do que era a prática do Usui Reiki Ryoho perdeu a sua caracterização. Apenas há poucos anos se voltou a compreender como era ensinado e praticado o Usui Reiki Ryoho, as suas técnicas e meditações.
Será errado «invocarmos» os nossos «mestres e guias de Reiki»? Não o é mas também devemos ter a consciência que não fazia parte da prática fundada por Mikao Usui e como tal não devemos nem obrigar os outros a tal nem a promover este conceito. Ele é pessoal, é próprio de cada um mas, não há necessidade de o tornar como essencial, quando tantas pessoas procuram o Reiki para trabalhar uma filosofia de vida e uma energia. Tudo o resto, será parte do crescimento de cada um. Praticar os cinco princípios, realizar o autotratamento – é isso que nos leva pelo caminho da Arte Secreta de Convidar a Felicidade.


Um comentário
Cidália Abreu
Grata, João, por mais um excelente esclarecimento sobre Reiki e que para mim foi mesmo oportuno.