Meditação,  Reiki

A dívida – A importância da consciência e doação

Já alguma vez passaste pela experiência de te cobrarem coisas sem estares à espera? Não falo de dinheiro mas sim de «eu dei-te isto, estava à espera que me desses aquilo», ou então «eu fiz isto, porque não fazes aquilo por mim?». Acredito que isto é algo de comum e frequente. Então, ao cumprimentar alguém será que devemos dizer «Olá, devo-te alguma coisa»? Vamos observar esta questão à luz do Reiki.

O sentido de dívida é algo que pode ser persecutório e extremamente prejudicial para a paz da mente e do coração. Tal acontece, muitas vezes, por um crasso erro de comunicação e tal vai criar karma. Então temos já aqui uma série de conceitos que são muito importantes compreender para que possamos todos viver com um pouco mais de paz.

A comunicação honesta (só por hoje, trabalho honestamente) é essencial para a mais pequena das interacções entre as pessoas. Mesmo que digas que farás algo pleno de amor incondicional, se passado algum tempo exigires pelo que fizeres, então poderão dizer-te que foi uma acção de amor condicional. Um exemplo muito simples é pedirem-te para ires fazer uma sessão de Reiki a um amigo, por exemplo. Vais, tratas com profissionalismo, isenção e pleno de amor incondicional. Terminas a sessão e o amigo diz-te, «agora só me apetece dormir». Partes e esperas que te diga alguma coisa sobre o que fizeste. Passam dias e nada. Então perguntas tu «O que achaste da sessão? Nunca mais disseste nada»! E ele responde-te, «eh pá, já estás a cobrar»! Bom, isto é uma ficção mas já ouvi vários relatos muito parecidos com esta situação. Possivelmente o praticante ficou um pouco destroçado e colocou em dúvida várias coisas da sua vida. Então o que fazer nestes casos?

  • Nada melhor que comunicares directamente o que precisas. «Venho cá de bom grado, apenas preciso que me digas o que sentiste com este tratamento». Muito simples, uma comunicação clara, onde o amor incondicional não é abalado.

Noutro caso, dás algo a alguém algo que fizeste. Fazes outra coisa e voltas a dar. A terceira coisa que fazes não dás e a pessoa lança-te aquele pedido meio velado que das duas uma, te força a dar ou então ficas mal considerado.

  • Vi, recentemente isso acontecer a uma pessoa amiga. Foi de tal forma que prefere não dar mais nada a ninguém para que tal não volte a acontecer. Então é curioso pois trata-se também de uma questão de comunicação e hábito. Quando as pessoas têm de ti uma determinada perspectiva, tu passas a ser como um actor na sua peça de teatro. Se mudares o papel, elas não te identificarão mais. Então, convém que comuniques e avalies também o porque dás? E se alguém te «exigir» o que farás? Avalia estas questões com muito Reiki e cinco princípios. Dar é algo de maravilhoso, para quem tem vontade genuína de dar e vontade genuína de receber. Se houver desequilíbrio, então o maravilhoso transforma-se em pesadelo. Como é bom poderes dar e receber.

Num outro caso, alguém te dá uma chávena que fez. Tu agradeces. Tu fazes uma chávena mas não dás à outra pessoa. Passado um ano, ela diz-te que estava à espera de receber a tua chávena.

  • Este situação pode acontecer nas mais variadas formas e é a mais comum. Dar com uma intenção por trás, mesmo que subconsciente. Será que vale a pena dar algo com a intenção de retorno? Creio que não, isso sim é gerar um karma negativo. Estás a lançar para o universo a condição de que apenas dás à espera de receber o mesmo ou melhor em troca. No Reiki Ryoho no Shiori, há uma frase fantástica que diz «Confia no Universo que ele confiará em ti». Desta forma não estamos a dar razão alguma para o Universo confiar em nós. O que fazer então? Muda a tua perspectiva sobre a doação.

Aprender a dar, não criar dívidas

Na vida, nada há de melhor que todos podermos estar bem e para isso, temos que avaliar cada vez mais as razões pelas quais damos ou queremos dar. Dar sem esperar receber é incrivelmente importante pois é também uma forma de estarmos na vida livres de pesos. O peso de esperar retorno, sufoca. A leveza de dar sem esperar em troca, liberta. Então, vale mesmo a pena mudar a nossa forma de estar e de dar, de evitar criar dívidas e assim promover também a felicidade e paz nos outros. A vida não é feita apenas com os nossos objectivos, ela cruza-se com os objectivos dos outros e tudo influencia a forma como a humanidade cresce. Pensa no que seria interessante se perguntasses a todos «olá, devo-te alguma coisa?» E se essa pessoa te respondesse com genuinidade. Assim, ninguém teria dívidas inconscientes. Vale a pena reflectirmos sobre o peso da dívida que criamos nos outros.

ola devo-te alguma coisa

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

2 comentários

  • Elisabete

    Todas as vezes que na minha vida dei alguma coisa alguém sempre tive uma enorme dificuldade em cobrar fosse o que fosse. Tinha uma vontade genuína de ajudar quando via sofrimento ou desespero, mas depois comecei a reparar que as pessoas que me procuravam, pessoas do meu convívio, faziam-no porque achavam que eu podia, tinha a sensibilidade para ouvir que lhes dava jeito, mas depois de esclarecidas viravam as costas e só voltavam a contactar-me quando estavam em baixo ou precisavam.

    Comecei a reparar que tinham uns amigos para o convívio e outros para o alívio dos seus “males”. E tudo isto antes de eu me iniciar no reiki. Acabei por me retrair porque me sentia explorada, sinceramente explorada. Quando fiz as iniciações deparei-me com o facto de que o reiki deve ser pago. Ao princípio estranhei, confesso, mas analisando as razões pelas quais o Mestre Usui assim o designou, comecei a compreender e a interiorizar a necessidade de assim ser: a responsabilidade pelo seu processo de cura e o respeito necessário por aquele que dá a sua boa vontade, o seu tempo na canalização da energia reiki para benefício de outro (e também seu). A minha experiência com os seres humanos teve por base algum abuso e uma grande falta de assertividade da minha parte, tinha muito para aprender e os outros são os nossos grandes mestres.

    Os cinco princípios têm-me ajudado a reflectir e a agir corretamente, primeiro para comigo depois em relação aos outros. Temos de conhecer os nossos limites, não permitir que estes sejam ultrapassados e também respeitar os limites dos outros porque estes mostram-nos sempre quais são eles.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.