
Deixar fluir o que é, para quê e os cuidados na autoilusão
Deixar fluir significa encontrar o sentido, a corrente natural do universo, compreender a vida e o que realmente nos realiza, nos traz bem e leva o bem a outros. Deixar fluir é perceber o enredo da história que leva ao bem comum. Mas, fluir é também muitas vezes uma desculpa para não aceitar responsabilidade e aqui, temos que tomar consciência das fronteiras e do senso que fará toda a diferença.
Há uns anos atrás alguém me perguntou quando teria um curso de nível 1. Indiquei que o faria no sábado seguinte e a pessoa disse que se o despertador tocasse, então iria. Este foi o meu primeiro contacto com o “vou deixar fluir”. Claro que a pessoa não apareceu, no entanto, todos os materiais que seriam para ela estavam lá impressos pois essa era a minha responsabilidade. E ao longo do tempo encontrei muitas mais situações em que o “vou deixar fluir” era apenas uma entrega de responsabilidade ao universo e não um compromisso partilhado.
Deixar fluir é sim ter a percepção de um fluxo natural na vida que nos leva à paz e à felicidade, que nos conduz a uma atitude que levará os outros a essa mesma paz e felicidade. Trata-se de um compromisso interior e não uma desresponsabilização. É um compromisso para com o Bem Supremo, o meu e o de todos, sentindo quando devo ser flexível como o bambu ou rígido como a montanha. Em tudo na nossa vida, precisamos de Coração, Compromisso e Consciência, ou seja, devo sentir e pensar, devo comprometer-me e empenhar-me no que faço. Ser um ser senciente requer isso. Se tenho uma atenção plena então compreendo as minhas necessidades e as dos outros, deixo fluir tudo o que sou e cumpro a realização. Se, pelo contrário, preferir uma vida de acaso estou apenas a iludir-me, adiando a tomada de consciência.
Quando deixas fluir, és um com o universo, o teu coração sente que está no caminho certo, a tua mente concorda e cumpre. Esta é a diferença entre consciência e autoilusão.
No teu trabalho, deixa fluir toda a energia, não cries obstáculos com a mente ou com o coração, empenha-te sim para que as situações se possam compreender e contornar, resolver. Na tua vida social, deixa fluir, ajuda também os outros a cumprirem-se e cumpre-te, sentindo que todos fazem parte de um grande organismo vivo que aprecia e necessita de todos.
Compromete-te com a vida, desperta e realiza coisas boas.



Um comentário
Cláudio Candeias
Grato, pela partilha, e congratulações pela forma lúcida e sapiente como escreve os artigos.
🙂