
Iniciar a meditação
Quando nos voltamos para dentro, retirando do que nos rodeia e fazemos uma ligação com a nossa essência e/ou com o universo, estamos a meditar. O conceito da meditação tem vindo a alargar-se cada vez mais, ultrapassando o mais comum com cariz religioso e espiritual, abarcando agora a prática leiga e de aplicação no âmbito da psicoterapia. Mas, meditar está bem além de fronteiras ocupacionais, é inata no ser humano. Se queres iniciar a meditação, não tenhas receio, é mais natural do que pensas.
Que a paz esteja contigo, toda a minha Paz.
O ka Maluhia no me oe, Ku’u Maluhia a pau loa.
Meditar está em nós, naturalmente
Quem não se encontrou já de olhos perdidos no horizonte, durante uma viagem, num passeio, numa paisagem ou mesmo diante de um livro? Isso é meditar. A sociedade ocidental encarou até há pouco tempo a meditação como algo mais dedicado à religião ou à espiritualidade. Mesmo na religião, havia algum desconhecimento sobre a prática que foi até iniciada pelos padres do deserto, nos tempos do chamado cristianismo primitivo. Passou-se da meditação à contemplação, até com a criação de ordens contemplativas e a prática ficou assim conhecida, não como meditativa mas como contemplativa – o Homem que contempla o Criador. Nos anos 70, surge a prática da atenção plena como uma técnica para a redução de stress ou como terapia cognitiva – Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR) and Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT), estando hoje em voga e até popular entre o sector empresarial, para a gestão do stress e melhoria do comportamento/relacionamento. No oriente, encontramos a meditação com mais de 5000 anos de existência. Outras culturas que dão primazia ao encontro interior, à relação com o divino, com o universo, com a vida.
Se a meditação surge quer na cultura ocidental, quer na oriental, em aplicações tão distintas, significa que é um caminho, um percurso, um método natural no Ser Humano e na sua existência integral.

Ajuda-nos a despertar a consciência
Iniciar a meditação como prática de desenvolvimento pessoal permite despertar a consciência. Isto não é apenas uma frase bonita, daquelas que vimos, repetimos mas que na realidade pouco praticamos. Meditar, consistentemente, com objectivos concretos traz-nos isso – consciência. Nesta tomada de consciência, percebemos que somos mais que o nosso dia-a-dia, mais que as nossas emoções e pensamentos, mais que o próprio corpo.
A postura na meditação. É importante ou apenas prática?
Os sete pontos chave de postura na meditação são guias de referência nos quais nos podemos apoiar para verificar se o nosso corpo se encontra na melhor postura para uma meditação confortável, no que diz respeito à posição. Claro que naturalmente conseguimos meditar em qualquer posição, dependendo muito do tempo que meditamos, da capacidade de abstracção do corpo e do que nos rodeia.
Quando pensamos em postura de meditação, temos sempre aquela imagem fantástica de uma posição de lótus mas para os ocidentais, essa é uma postura muito difícil de manter durante um tempo prolongado. Não estamos habituados, geneticamente não faz parte da nossa forma de estar social, ao contrário de algumas sociedades orientais.

Se o praticante tiver problemas de flexibilidade ou físicos, pode sempre optar pela posição que seja mais confortável para si, mesmo sentado ou deitado. Claro que dependerá de quem está a ensinar e de que tipo de meditação está a fazer aprendizagem.
Uma postura direita e confortável ajuda o fluxo energético, um funcionamento correto do corpo, evitando o desgaste mais rápido ao nível muscular, que acaba por interferir com o objectivo meditativo da pessoa. De pouco serve ficarmos bem para a fotografia mas muito mal para nós mesmos e para a meditação, aceita-te como és, transforma a tua fraqueza em força.
Meditar sobre o que?
A meditação, dependendo da sua vertente, pode ter vários objectivos. Podemos apenas estar num estado de vazio, como forma de educarmos a mente “macaco” e sermos cada vez mais um ser uno consigo mesmo. Podemos ter uma meditação devocional, onde a nossa atenção está fixa num aspecto elevado ou na divindade na qual temos crença. Podemos ainda meditar por um percurso que nos leva à resolução de questões interiores, intra e interpessoais – a meditação terapêutica. Se estás a iniciar a meditação então aprende também a desenvolver a concentração e a respiração. Todas estão intimamente ligadas e fazem parte de um ecossistema único que necessita de harmonia em todas as suas partes.
Meditação terapêutica Integral, para que serve?
Se a meditação serve para o nosso encontro interior, para a elevação da consciência, a meditação terapêutica é o que caminho que nos ajuda a resolver as questões que vamos encontrando para acedermos a essa nossa essência. Através de vários níveis de consciência, da aprendizagem da concentração e da respiração, vai-se desenvolvendo uma maior capacidade de gerir a mente e as emoções. Compreende-se com maior clareza a causa das questões e os seus sintomas, compreende-se de que forma se pode tomar opções que sejam mais construtivas para a nossa vida e para as acções que também influenciam os outros.
A meditação terapêutica tem como pressupostos o bem-estar de cada um, o seu conforto no momento presente, a aquisição da Consciência e a elevação da mesma. Este tipo de meditação é feito com acompanhamento mas, com a prática, a pessoa pode também realizar alguns dos exercícios por si mesma.
A meditação terapêutica não necessita de qualquer tipo de pré-requisitos nem de quaisquer crenças.
Qual o melhor tipo de meditação para ti?
No meu ponto de vista só tu poderás encontrar o melhor tipo de meditação. Isto porque cada um tem o seu percurso e as suas necessidades. Não podemos dizer que mindfulness é a solução para tudo ou que a meditação cristã ou Chan será o que te fará sentido. Muitas vezes, somente através da experiência, da prática e da autoconsciência é que se compreende o que realmente nos faz sentido. Se queres chegar a ti, só tu poderás escolher melhor.
Iniciar a meditação
Se queres iniciar a meditação como processo consciente de autodesenvolvimento, além de procurares o estilo de ensino de meditação que faça mais sentido para ti, podes também experimentar os seguintes cinco passos:
- Desenvolve a tua capacidade de concentração, é muito fácil. Experimenta fixar o olhar na ponta de uma caneta, a uma distância confortável para o teu olhar mas que desfoque o fundo. Podes também usar uma vela ou ainda um objecto pendurado na parede;
- Pratica a respiração profunda e completa, usando também o abdómen. Presta atenção se tens dificuldade em preencher os pulmões de ar;
- Experimenta qual a melhor posição para estares a meditar. Mesmo que seja desconfortável consegues aguentar um pouco mais?
- Esvazia a mente… és capaz? Durante quanto tempo? Como está o teu interior da mente?
- Consegues sentir o que se passa no teu interior, se tentas meditar?
[youtube_sc url=”http://youtu.be/FWWZ52a3grg” title=”Lama%20Samten%20-%20Iniciar%20a%20Meditação”]Um video muito interessante “Para começar a meditar” com o Lama Samten.
As aulas de meditação terapêutica integral realizam-se no CENIF Amadora, às segundas e quartas Quartas-feiras de cada mês.

