Reiki

Porquê valores diferentes nos níveis de Reiki

A prática de Reiki é distinta em níveis de diferentes aprendizagens, com técnicas próprias e formas de crescimento pessoal que são progressivas. Cada nível é marcado por uma sintonização diferente à energia, aumentando o canal, a ligação e trazendo outras frequências e ferramentas para o praticante. Ao nível de crescimento pessoal, são ensinadas mais técnicas e perspectivas para a transformação da pessoa mas mantendo sempre a mesma base de filosofia de vida – os cinco princípios.

Cada nível tem um valor, um investimento próprio e tal, nem sempre é claro para os praticantes, o porquê dessa diferença.

Outros tempos, outros valores dos níveis de Reiki

Segundo Fran Brown (Living Reiki) a Mestre Takata teve que vender a sua casa para continuar os estudos com o Mestre Hayashi. Também Chiyoko Yamaguchi conta que no tempo dela os valores davam para comprar uma pequena casa.

Já no tempo da Mestre Takata, nos anos 70, ela cobrava cerca de $10000 por um Shinpiden, o nível 3. Se hoje consideramos o valor alto, imaginem a importância que teria há cinquenta anos atrás. Segundo as calculadoras de inflação, representaria hoje $61000.

A tradição, o saber, a conquista

Na tradição japonesa, aprender uma arte não era nem barato, nem rápido, nem fácil. Em muitas artes, o Sensei, em primeiro lugar, teria que aceitar o aluno, vendo a sua tendência, capacidade e empenho para receber e praticar o ensino. O pagamento também teria que acontecer, salvo algumas excepções que teriam outro tipo de compensação, como por exemplo ser criado do Sensei. Isto são exemplos que vão desde as artes marciais à caligrafia. Sendo uma “tradição” social japonesa, faz sentido que o mesmo estivesse presente no Reiki, apesar de não termos conhecimento dos valores e formas de aceitação de alunos do Mestre Usui.

Numa escola japonesa, a continuação do saber é só passada ao sucessor do Sensei. No Reiki sempre houve confusão, teria sido Hayashi, teria sido Juzaburo Ushida, presidente da Gakkai, (Almirante que iniciou a sua aprendizagem em Novembro de 1925, em conjunto com outros 17 oficiais da Marinha) o sucessor directo de Usui?

Sabemos que para ser um sucessor, tem que ter um amplo conhecimento do ensinamento do Sensei e de todo o espírito que envolve a arte. Deve ser capaz de passar o saber tal como ele é, sem colocar as suas impressões pessoais (a não ser que tenha autorização para tal).

Estes pontos que aqui apresento, servem como perspectiva cultural para que se compreenda os valores que eram praticados nos níveis de Reiki.

Porque o valor aumenta de nível para nível

Porque não se pagam propinas na primária e se paga no ensino superior?

Quando aprendi uma arte chinesa, similar ao Reiki mas com uma componente adicional física/energética, tinha que cumprir três níveis de aprendizagem onde era requerido tempo, prova de prática nos outros (pois em mim era evidente se o fizesse ou não) e ser aceite pelo Mestre. O primeiro nível era €150, o segundo €500 o terceiro €2000 e porquê? Porque recebia um conhecimento directo que vinha do Mestre original e porque a responsabilidade em cada um dos níveis aumentava. Responsabilidade para comigo, responsabilidade para com os outros que iriam receber de mim treino ou terapia.

O aumento de valor de um nível para outro tem a ver exactamente com isso – a responsabilização.

Não quer dizer que quem não paga não é responsável ou não é capaz de assumir uma atitude responsável mas, que atingir determinados níveis que trarão determinadas responsabilidades, devem ser assumidos com dedicação, empenho, compromisso e consciência.

Os valores dos níveis de Reiki actualmente

Hoje em dia cada Mestre e escola define os valores que considera mais apropriados, dentro de algumas variáveis:

  1. Instrução do Mestre e investimentos constantes que o mesmo faz para a qualidade do seu ensino;
  2. O acompanhamento que dá;
  3. As oportunidades que cria para o desenvolvimento dos seus alunos;
  4. O investimento que faz mensalmente no seu espaço com aluguer, pagamento de consumíveis, manuais, etc…

Assim, encontramos valores diferentes de escola para escola. Mas isto não explica ainda uma questão. Porquê valores diferentes de nível para nível de Reiki, nos dias de hoje?

Cada nível de Reiki representa uma etapa na mudança de consciência, acompanhada por técnicas e instruções próprias. Cada nível representa também uma responsabilidade e sabemos que essa só é assumida, comummente, através de valor. Conheço casos de quem já recebeu nível 3 gratuito, indicando a sua impossibilidade de pagar mas muita vontade de fazer Reiki, ensinar gratuitamente e depois colocou-se a ensinar, cobrando valores pelos seus cursos. O que quererá isto dizer? Outros que não valorizaram a doação que lhes foi feita, não aparecendo nas aulas ou não praticando correctamente. O que quererá isto dizer?

Tudo são grandes aprendizagens.

Será que a aprendizagem de Reiki só deve ser paga?

De forma alguma. No Reiki também faz parte a doação e cada um deve sentir o que fazer. Acredito que para quem não possa pagar e necessite, o Reiki deve ser gratuito mas não isento de responsabilidade. Quem faz um curso gratuito tem os mesmos direitos e acede aos mesmos ensinamentos que quem paga. Neste caso, o Mestre investe o seu tempo e dinheiro nessa pessoa. Se ela nunca mais aparece e depois passa a outro mestre pedindo-lhe outro nível gratuitamente, assim vai fazendo o seu percurso. Mas será que está a respeitar o que é Reiki? Há que lembrar o quarto princípio.

No CENIF muitos são os alunos que já aprenderam algum Reiki sem o pagar por não terem condições para tal. Quer eu quer a Sílvia temos uma postura que é fruto das dificuldades que tivemos e temos na vida e por isso temos gosto em auxiliar quem precisa.

A título de exemplo, tomando o nosso caso, se só déssemos cursos gratuitos, no próximo mês fecharíamos o espaço e acabavam-se as aulas e acompanhamento para todos. Muitas vezes damos mesmo quando não temos mas nunca devemos ir ao limite de esgotarmos a totalidade. Quem só exige doação, que valor sabe dar ao que lhe é dado?

Tudo são grandes aprendizagens.

kokoro
Kokoro – em japonês, significa mente/coração. Os dois estão interligados, ao contrário dos conceitos ocidentais onde existe claramente mente e coração (emocional). Esta diferença de conceitos faz toda a diferença nos conceitos de espiritualidade e vivência das sociedades orientais e ocidentais.

A desculpa da espiritualidade para a gratuitidade

Várias pessoas indicam que Reiki é “uma energia divina”, que “é energia de Deus” e como tal “deve ser gratuita”. Várias citações bíblicas, etc etc, comprovam isso mesmo. Mas levantam-se dois pontos:

  1. Reiki não é uma prática religiosa nem está ligado a uma religião, isso é próprio de quem o pratica e é essa pessoa que prega o que entende;
  2. A espiritualidade faz parte do todo que é o ser humano.

Sobre o primeiro ponto, nota-se também uma grande influência dos ensinamentos do espiritismo que conheço muito bem e foram uma grande influência base para mim, numa altura em que em Portugal ainda nem se ouvia falar de Reiki. Isto falo de um tempo em que a única alternativa à igreja, no campo espiritual, era o espiritismo. Dá aquilo que te é dado. O que vem do espírito é gratuito, deve ser dado.

No segundo ponto, é caso para perguntar se uma pessoa que seja (por exemplo) contabilista, se deixa a espiritualidade em casa quando vai trabalhar e se só a retoma quando pratica Reiki? Temos que mudar um pouco as crenças e dogmas que assumimos sem reflectir na prática. São essas contradições que nos trazem sempre aquele sabor de insatisfação interior. Se somos um espírito, esse está em todo o lado e em todas as acções. Se penso, o espírito também assume um papel nesse campo, se sinto, o espírito também assume um papel nessa acção ou reacção. Tudo em nós está interligado portanto não podemos dizer que existem apenas actividades físicas ou mentais, espirituais ou emocionais, somos um todo.

Sendo um todo, temos necessidades a todos os níveis, aprendizagens a todos os níveis. O ensinamento espiritual pode ser gratuito, claro que sim e se a pessoa apenas estiver vocacionada para o fazer, morrerá de fome?

Muitas vezes confunde-se sim, oportunismo e exploração com pagamento ou valorização. Novamente, reflexão nos princípios de Reiki.

Valorizar o que se ensina, valorizar o que se aprende

O mestre não se deve desvalorizar, o aluno não deve desvalorizar o ensinamento. Reiki é simples e é para todos. É fantástico, é uma filosofia de vida e uma prática terapêutica. Reiki é incrível por ser uma prática de amor incondicional que exige mente limpa e coração predisposto. Requer treino, prática e acima de tudo vivência. Está nas mãos de quem pratica e no seu coração o sentir a responsabilidade do que aprende, ensina, dá e doa.

Os diferentes valores nos níveis de Reiki são indicações de compromisso para com o crescimento pessoal de cada um num caminho chamado Reiki.

Se cobrarem no Reiki, doem também. Se apenas doam, nunca percam o vosso valor quando alguém menosprezar a doação.

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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