Olhar para dentro, crescer por dentro
Quando paramos a mente e tornamos a consciência mais presente e centrada, praticamos o olhar para dentro e deparamo-nos com as muitas emoções que fomos acumulando ao longo dos anos das nossas experiências.
“As chamas ardentes da raiva secaram o rio do meu ser.
A densa obscuridade da ilusão cegou a minha inteligência.
A minha consciência afoga-se nas torrentes do desejo.
A nevasca enregelada da inveja arrastou-me para o samsara.
A montanha do orgulho precipitou-me nos mundos inferiores.
O demónio da crença no ego tem-me, firme, pela garganta.”
~ Dilgo Khyentse Rimpoche
As memórias assaltam-nos, o julgamento prende e oprime-nos. Assim deixamos de querer ter consciência e de olhar para dentro, queremos apenas fazer e não ser. Como então ultrapassar a dor da memória, o peso da acção praticada e o julgamento?
“A vida tem um propósito definido: ter a própria escuridão da mente dissipada, e assim alcançar a felicidade sem fim.” ~ Kentetsu Takamori
Observar não implica apegar. Quando observamos o interior e nos percorrem todas aquelas emoções pesadas, fruto das memórias que fomos recalcando, sentimos a tristeza, o sofrimento, a dor física somatizada por algo que é apenas uma memória. Foi. Aconteceu. Passado. Na observação, em consciência, estamos neutros. Entregamo-nos ao acto de compaixão que permite sanar a dor e iluminar a escuridão da mente. Na compreensão não há apego, no amor incondicional e na compaixão, não há apego. Olhar para dentro é ter o maior acto de compaixão em todo o universo – é dar valor à vida que temos, criando espaço para a felicidade se desenvolver e permanecer em nós.
Inspirar, expirar, de consciência centrada. Um olhar para dentro sem sofrimento, compreendendo o caminho que leva para fora dele.

2 comentários
Cláudio Candeias
Prodígios de lucidez, muito grato 🙂
Angela Vêscovi
Só por hoje, sou grata! Namastê! _/\_