O Tao do entendimento – copo meio cheio, copo meio vazio
O copo meio cheio de um é o copo meio vazio do outro.
Como ser capaz de responder às necessidades dos outros, sem perder controlo das próprias necessidades, forma de ser e todas as outras solicitações e exigências da vida?
O tao do entendimento
Duas pessoas representam três aspectos – cada um como indivíduo e o conjunto. Promover a harmonia entre estes três aspectos remete-nos para a história clássica. Harmonia era filha de Ares, deus da guerra e Afrodite, a deusa do Amor. Harmonia concilia as forças opostas que servem para gerar movimento. “A inércia é morte, o movimento é vida”, conforme as sábias palavras de Morihei Ueshiba. Para alcançarmos a harmonia, temos que transcender – alcançar o entendimento.
Este tao do entendimento visa juntar toda a experiência e saber. Reconhecer quem somos, as nossas fronteiras, quem é o outro e quais as suas fronteiras. Não existem fórmulas mágicas nem atalhos. Neste Tao, caminhamos apenas com o coração como lanterna e a mente como guia. Estando envolvidas duas pessoas, o entendimento encontra-se na encruzilhada dos dois caminhos que se encontram. Resta a cada um optar por seguir pela mesma via, ou pelo caminho que leva a direcções opostas.
…
A existência e a inexistência geram-se uma pela outra
O difícil e o fácil completam-se um ao outro
O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
O alto e o baixo inclinam-se um pelo outro
O som e a tonalidade são juntos um com o outro
O antes e o depois seguem-se um ao outro
Portanto
O Homem Sagrado
realiza a obra pela não-acção
E pratica o ensinamento através da não-palavra
…
No Tao encontramos facilmente os opostos e o apelo ao equilíbrio. A não-acção é o centramento, é o estar inteiro de si mesmo e perceber que agir apenas pode piorar. Então, não existe a palavra, o movimento.
Palavras confiáveis não são belas
Palavras belas não são confiáveis
Quem sabe não é abrangente
Quem é abrangente não sabe
Quem é bom não discute
Quem discute não é bom
O Homem Sagrado não acumula
Quanto mais faz para os homens, mais tem
Quanto mais dá aos homens, mais aumenta
O Caminho do Céu é favorecer e não prejudicar
O Caminho do Homem Sagrado é fazer e não disputar
O entendimento chega no momento em que compreendemos a flutuação que existe no nosso lago interior da serenidade. Porque assim ficou?
No recolhimento do lótus interior, compreendemos o que precisamos para alcançar a harmonia. Para entender que palavras e acções tomar. Como encher o copo meio vazio é impossível. Não é trabalho nosso mas sim do outro. Como dar com mais qualidade, sim, é o nosso trabalho. O entendimento passa primeiro por nós.