O Tao do Reiki
Tao

O Reiki e o caminho da ignorância

O Tao do Reiki

Há uma frase de Siddharta Gautama que me guia em muitas circunstâncias difíceis – “não há luta entre o bem e o mal mas sim entre a sabedoria e a ignorância”. É algo que me dá muita força nos momentos mais complicados e me permite um discernimento mais sereno quando a turbulência me rodeia.

Desde que iniciei o percurso no Reiki que sempre fui confrontado com o desconhecimento deste método. “Pões as mãos e passa logo a dor?”, “Mas isso é para quê?”, “Reiquem?”, “Tretas”, entre muitas outras citações. Eu mesmo tinha e tenho, naturalmente, as dúvidas. Quando vejo práticas de arrepiar os cabelos muitas vezes me pergunto, valerá a pena?
Retiro-me, pratico os cinco princípios, sereno. A resposta é natural. O Reiki vale sempre a pena. Porque é algo de tão bom, que me deixa tão bem e faz tanto parte de mim que seria como agora dizer que beber água faz mal, ou respirar é errado. Sei que é bom, porque pratico, porque esforço-me para ultrapassar os desafios e não baixo os braços às minhas questões internas (ou externas).
Assim deparo-me com mais uma constatação dolorosa. Um artigo do Correio da Manhã, onde um padre, que em tudo tenho para respeitar expressa uma opinião medieval sobre algo que possivelmente nunca experimentou. “Duarte Sousa Lara, que é pároco de Folgosa, Desejosa e Valença do Douro, na diocese de Lamego, diz que “o aumento dos casos de pessoas com graves distúrbios espirituais tem a ver sobretudo com a paganização que grassa na Europa e com o incremento das práticas de bruxaria, feitiçaria, ciências do oculto, rituais satânicos e coisas desse género”. “Tantas coisas que agora estão muito na moda, como o yoga, o reiki ou outras formas de exercício espiritual, são caminhos facilmente percorridos pelo demónio. É preciso ter muito cuidado com essas coisas”, adverte.”
Parece que voltamos ao Portugal do Estado Novo, ou antes retrocedemos para um tempo ainda mais medievo. Paganização? Bruxaria? Ciências do Oculto? Reiki e Yoga? Tudo no mesmo saco?
Conhecendo tantos padres e tantas obras, acredito que esta é a opinião de um e de poucos. Quem sou eu para me intrometer nas crenças que tem? Esta é a liberdade que me permite um país democrata e acima de tudo um estado que e laico (apesar da concordata).
Nunca interpretei o Reiki como um caminho espiritual. Vi-o sempre como um trabalho interior que me toca, na sua vertente de filosofia de vida. No aspecto exterior, trabalha com a energia. No meu interior, encontro um espírito mas isso sou eu. Há quem chame alma, há quem chame ser, há quem não chame nada. Na beleza do Reiki, encontramos a diferença, não a necessidade de fechar portas e janelas. Não é uma religião e se for um caminho espiritual, isso será algo que cada um interpretará.
Encontramos o Reiki a ser realizado em hospitais católicos, ou realizado por padres. E porque isto acontece? Porque é simples e livre, não advoga dogmas.
Naturalmente, existem muitos praticantes e cada um deles interpreta o Reiki à sua maneira. Há más práticas e misturas estranhas? Sim, há. As mesmas que se encontram em todas as profissões, ou se quisermos, nas religiões.
Acredito que cada um tem o seu caminho. Quem tem crenças em Deus ou num Buda, tem direito a tê-las. Quem é ateu ou agnóstico, tem direito a sê-lo. Não desejo que voltemos a uma tirania da religião, ou a uma tirania da ciência, assim como não desejo que tenhamos uma tirania da espiritualidade. O Ser humano tem ainda um longo caminho a crescer, o colectivo, tem um gigantesco caminho ainda a trilhar. Há coisas bem mais importantes e necessárias a resolver agora, no campo social e anímico, que propriamente a “conversão”.
O respeito pela diferença revela sabedoria, a exclusão e o obscurantismo revela ignorância. Para que direcção nos queremos virar?
Esperemos que com um novo papa, que já não precisa de tantos adornos para se intitular tal, se encontre uma amplitude no caminho de todos. Que a vivência de cada um seja respeitada e em serenidade, muito mais se possa fazer. O Reiki não é uma religião, é um método de tratamento natural e uma filosofia de vida. Quem o pratica sabe o que é, que o recebe identifica o que lhe traz.

 

Designer, Mestre, Terapeuta de Reiki, Presidente da Associação Portuguesa de Reiki e fundador da Ser - Cooperativa de Solidariedade Social. Autor dos livros «Reiki Guia para uma Vida Feliz», «O Grande Livro do Reiki», «Reiki Usui», entre muitos outros. Fundador da revista "Budismo, uma resposta ao sofrimento". Acima de tudo quero partilhar contigo o porquê de Reiki ser a «Arte Secreta de Convidar a Felicidade».

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João Magalhães Reiki
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